No vasto cenário do agronegócio, a tecnologia emerge como uma aliada indispensável para o sucesso dos produtores rurais. Vitor Leonardo Demski, produtor, estudante e piloto de aplicação aeroagrícola remoto, personifica essa convergência entre tradição e modernidade. Com olhos voltados para os campos e as telas, Demski otimiza o manejo das lavouras que molda o futuro da agricultura brasileira.
Vitor é morador de Irati, filho de Sidnei Marcos Demski e Marcia Chasko. Sua família é conectada a agricultura desde seus bisavós, trabalhando com cultivo de diversos tipos de produtos, até encontrar a forma mais estável e rentável de se manter neste segmento. Hoje, a atuação está na produção de grãos, e a novidade é a terceirização de aplicações aéreas via drone.
O trabalho na propriedade é realizado em família com mais um funcionário fixo e, quando os serviços aumentam, há mais uma contratação. Vitor explica que a prioridade é trabalhar em família porque observa que, na região, as pessoas não querem trabalhar na lavoura, e ainda, há falta capacitação de conhecimentos, segundo ele.
“Eu sempre fui muito apaixonado pelo campo, pela terra, pelas plantas, se sujar de terra, colocar semente na terra, vê-la crescer e até colher. Desde criança, ando acompanhando meu pai nesse trabalho, eu tinha que estar junto na lavoura em todos os dias que eu tinha de folga. Com o passar do tempo, a gente vai crescendo e os sonhos vão se tornando realidade, sempre buscando aquilo que queremos. Hoje, curso o terceiro ano da faculdade de Engenharia Agronômica, trabalhamos na produção de grãos e eu faço a aplicação nas nossas lavouras e terceirização de aplicações via drone”, conta o jovem empreendedor.
Ele explica que seu trabalho depende 100% das condições climáticas, pois como a família produz grãos, a safra inicia pelo mês de maio, com o preparo de solo, correção de nutrientes da terra, a partir de amostras que são enviadas para laboratório, após cobertura com culturas que formem massa ou palha, como são chamadas, para proteção da terra e disponibilidade de nutrientes mais rápida. “Em meados de agosto, iniciam os plantios de milho, feijão e, em seguida, soja. Cada cultura tem seu tempo certo de plantio, então não importa a hora, dia, noite, se é feriado ou fim de semana, nós dependemos do tempo para trabalhar”.
Após os plantios, o produtor precisa fazer o cuidado das plantas. “Assim como nós, humanos, precisamos de remédios, assim as plantas precisam de defensivos para protegê-las de doenças, fungos, insetos, vírus, entre outros”. Demski ressalta que era, justamente, neste período da produção é que sua família tinha muitas dificuldades de fazer a aplicação com o trator em condições úmidas, por conta do relevo da propriedade.
“Então, veio a tecnologia do drone de pulverização, na qual ingressamos. Uma lavoura requer aplicações de intervalos de 14 a 16 dias entre elas, tendo áreas que chegam ter até cinco aplicações, dependendo de clima, e o desenvolvimento de doenças e insetos”. O estudante de Agronomia conta que, quando ocorriam de ter semanas de chuvas, sua família não possuía condições de entrar com um trator na lavoura. Agora, com a tecnologia, depois da chuva, se espera abaixar o orvalho, que é a umidade que fica nas folhas, e então, o drone já pode entrar em ação, sem deixar atrasar a aplicação ou, até mesmo, encontrar alguma doença.
Dentro do ciclo de cultura, quando está se encerrando, é necessário somente aguardar a colheita. “A lavoura, pronta para colheita, fica entre o fim de janeiro até maio – tempo que mais esperamos para recolher todo valor investido, trabalhos realizados, dias sem folga, entre estes cinco e seis meses”.
Para ele, esta é a principal atividade e mais importante. “Não conseguimos nos manter sem ela. O mundo é uma grande engrenagem, porém você pode se adaptar se faltar alguma. Agora, se a engrenagem do agronegócio faltar, você não vive. Pra mim, essa atividade faz eu ter orgulho de quem eu sou, de onde vim e que caminho estamos seguindo. É algo que não tem explicação para quem ama essa atividade”, enaltece.
O futuro
Vitor observa que os próximos passados do agronegócio só dependem de outros fatores, como do governo e da valorização do pessoal da cidade. “Se pararmos para analisar e pensar sobre futuro do agronegócio nas condições atuais, não temos muito recurso para seguir em frente: temos um alto custo para produzir, preço altos de todos os produtos, e o nosso, em específico, com preço desvalorizado, lá embaixo. Fora que dependemos do clima para produzir e ter quantidade para ainda ver se fecham as contas”.
Em relação aos trabalhos com o drone, ele entende que quem depende de prestação de serviço terá menos serviços porque o custo de investimento é alto para o produtor rural e, para o aplicador que foi contratado, o lucro não é rentável.
“Mas, como não podemos perder a esperança, a expectativa é que tenhamos mais expansão de áreas, tanto para cultivo, como mais áreas e mais clientes para a aplicação aérea via drone. Talvez, futuramente, aumentar mais equipamentos e o tamanho deles, e seguir a tecnologia”, planeja o produtor.
O trabalho do drone
No período de aplicação com o drone, Vitor conta que o dia do trabalho depende de vento, umidade relativa do ar, temperatura, índice de magnetismo, quantidade de satélites e distância da lavoura. Todos esses parâmetros são, devidamente, levados em rigor para se ter uma qualidade na aplicação. “Não temos horário e nem dias certos de trabalho. Se as condições estiverem favoráveis, podemos trabalhar o dia todo, caso contrário, temos que se adequar a condição, aplicações noturnas e de madrugada, tudo levando em consideração os produtos a serem aplicados”.
Para a pulverização com drone, o piloto ressalta que é necessário fazer o mapeamento da área antes e, por isso, precisa ir até o local antes e marcar com o controle da aeronave os pontos de GPS delimitando a área, ou fazer mapeamento de imagens com um drone menor, e após delimitação da área em computador, enviar ao controle.
“Então, a programação para aplicar começa um dia antes, analisando qual a distância da área para aplicação, quanto tempo leva até local, se tem água para aplicar ou tem que levar, como estarão as condições climáticas e lista de defensivos agrícolas repassados por um responsável agrônomo da lavoura que está implantada”.
No dia de trabalho, os equipamentos são levados para a lavoura. “A estrutura da aeronave é uma carretinha, em que abrimos ela, tiramos e montamos o equipamento e fazemos um check list de voo para conferir se todas as peças estão confiáveis a voo, se está tudo ok. Após a realização da calda com os defensivos que o responsável repassa, instalamos um carregador para fazer a carga das baterias da aeronave. Está tudo pronto! Só colocar produtos no drone, bateria e seguir com as aplicações”. Demski relata que, para cada voo, é necessário trocar a bateria, pois cada uma tem duração média de 10 minutos. Dependendo da vazão de litros por hectare, cada voo pode realizar de 1 a 2.4 hectares.